Janeiro de 1994. Através de
uma publicação tive notícias de que o meu CPF havia sido sorteado pela TELERJ,
Telecomunicações do Estado do Rio de Janeiro, depois privatizada e denominada
TELEMAR, atualmente conhecida como OI.
Com o sorteio obteria o
passaporte para o mundo da telefonia celular. Vibrei e fiquei ansioso pelo sensacional
desconhecido que viria.
Até então, apenas
conseguíamos utilizar um telefone celular “importado de Minas Gerais”, da
denominada TELEMIG, o que custava uma fortuna para o uso mensal de locação,
porque também não existiam disponíveis para venda.
Um ano depois, vendia a
linha telefônica celular por um bom preço, porque não havia muita utilidade
pessoal, principalmente porque poucos possuíam o sistema móvel, além do que, os
custos mensais eram abusivos para os benefícios ofertados.
Hoje, os aparelhos são até
gratuitos e, com certa graça, vejo pessoas de bicicletas, em carroças puxadas à
cavalo, caminhando soltas nas ruas, nos automóveis, nos trens e metrôs, e até nas travessias marítimas, falando desbragadamente, sem medidas e, ainda como se
estivesse dentro de seu escritório, na sala de sua casa, expondo a sua vida e
particularidades, que muitos de nós não queremos nem desejamos saber.
Verdadeiros "BBB's" ambulantes, que tropeçam nas pessoas, são atropeladas, gritam nos ambientes
públicos, alardeiam dentro dos trens, metrôs e outros espaços públicos, sem o
mínimo de pudor ou respeito aos ouvidos dos demais.
Para alguns só vale o EU e EU QUERO, sem se importar com os demais.
Para alguns só vale o EU e EU QUERO, sem se importar com os demais.
Talvez não tenhamos
apreendido, até pela falta de prática, como educar nossos filhos e a nós
mesmos, da importância em respeitar o outro quando do uso da telefonia móvel.
Privacidade é uma palavra que já revela para o que serve. E a exposição
desregrada, mal educada, em decibéis que incomodam aos demais, não demonstra urbanidade
no convívio social.
O equilíbrio entre a
ansiedade de se comunicar com a velocidade de nosso tempo, no contraponto com o
respeito aos ouvidos dos outros, talvez seja a chave.
É certo que até o início dos
anos 90 não possuíamos telefonia móvel, mas isso não justifica a falta de
educação com as pessoas ao nosso redor. O aprendizado virá com o tempo, mas
seria bom que desde já cuidássemos em respeitar o outro.
Podemos exercitar
gradativamente o respeito, o local e o momento adequado para receber ou
encaminhar chamadas, certo de que tudo tem seu tempo. A agonia de estar
conectado 24 horas, atendendo e respondendo em altos brados e incomodando os
demais, talvez não seja o melhor caminho para uma vida saudável.
Que a nova era das
telecomunicações se solidifique e traga mais benefícios. E isso é muito bom.
Simultaneamente, e na mesma
medida, que aprendamos a utilizá-los de forma cordial, respeitosa e civilizada.
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